quarta-feira, 30 de março de 2011

Confissões de um pai de 30 - Parte II

- Qual é o seu desejo para este filho? Mesmo que você se prepare para respeitar os desejos futuros deste filho, nenhum filho existe sem que antes exista o desejo dos pais. Qual é o seu desejo de pai para este filho?

R: Tudo de bom. Desde o amor da família e dos amigos, passando pela escolha do time que ele vai torcer, até o melhor dos futuros que o destino lhe reservar.

- Foi importante saber que era um homem? Seria diferente se fosse uma mulher?

R: Importantíssimo, pois toda a decoração, roupinhas, acessórios, etc e etc são diferentes para meninos e meninas. Se fosse uma menina, provavelmente teríamos comprado tudo em outra cor...
Nada muda em relação ao sentimento pelo filho que virá. Fosse menino, menina, ET, mutante, andróide ou cachorro, amaria do mesmo jeito (salvo exceção caso for curintiano – dessa forma terei de fazer segunda análise sobre o assunto).

- Como você se prepara para ser pai?

R: Tenho me preparado muito. Faço meditação tântrica todas as manhã, yoga às terças e quintas, tenho ouvido música erudita, além de aulas de piano aos sábados de manhã. Fiz um curso de salva-vidas, tenho doado somas em dinheiro a instituições de caridade e tenho feito trabalho social em penitenciárias sempre que possível.
Brincadeiras à parte, não vejo necessidade de uma preparação tão específica. Sinto-me preparado para encarar esse desafio de criar um filho. Há alguns anos atrás, não pensaria dessa forma, tenho certeza absoluta que não estaria amadurecido o suficiente para encarar de forma tão positiva essa situação. Aliás, na verdade não encaro como um desafio (como todas as situações, opiniões, leituras e aconselhamentos buscam retratar). Acho tudo natural e a ideia que me vem é de que fomos agraciados pela vida com essa gravidez. Nada mais justo que retribuir isso, dando boa educação ao nosso filho.

- O que você sentiu quando soube que seria pai? E o que sentiu quando viu a imagem no ultrassom?

R: Ao saber que seria pai, lembro que senti um arrepio, uma espécie de frio na barriga. É aquele impacto inicial que choca o homem, quando ele descobre que vai ser pai. O peso da responsabilidade cai de uma altura de 10 andares, sem toldo para amortecer. Mas o tempo faz esse impacto ser absorvido com suavidade. Nove meses são mais que suficientes para isso. Ao mesmo tempo penso em mães solteiras ou pais adolescentes. O impacto vem também, com a mesma intensidade. Mas a absorção deve ser bem diferente...
No ultrassom parece ser a confirmação de tudo aquilo que, até então era história. Novamente o sentimento de ser pai recai sobre a gente, mas de uma forma extremamente positiva. Ver uma pessoa de verdade, naquela tela horrível em preto e branco e cheia de ruídos, nos faz sentir o lado doce da responsabilidade.

- No que você quer ser diferente, como pai, do seu próprio pai?

R: Principalmente na questão de conversar com meu filho. O diálogo deve ser livre e aberto entre os dois, a informação confiável é muito valiosa hoje em dia. Sei que as pessoas, no decorrer de toda a vida, aprendem diariamente. Nada mais justo (e seguro), que meu filho possa buscar esse aprendizado com o próprio pai.

- Para finalizar, vai ensinar seu filho andar de bicicleta sem rodinhas? (risos)

R: Garanto que tentarei ensinar todos os bons valores que aprendi na minha vida. O valor das verdadeiras amizades, a importância da família, o sentimento capitalista que move o mundo, as intempéries que o destino nos traz, as relações humanas, etc. Quanto à parte da bicicleta, reservo para a mãe do meu filho, afinal, não se pode ensinar algo que não sabe (ainda!)

FIM!

domingo, 27 de março de 2011

Confissões de um pai de 30 - parte I

Sou fiel leitora da coluna de Eliane Brum, todas às segundas, no site da revista Época. E semana passada sua coluna foi mega interessante: Confissões de um pai temporão. Eu que já tinha curiosidade sobre a resposta de muitas dessas perguntas com relação ao Marido pedi pra ele responder em forma de entrevista para postar aqui no blog. Então peguei algumas perguntas da entrevista de Eliane e fiz outras. Vamos ver o que pensa um pai de 30.

- Dizem que a mulher se torna mãe no momento que toma conhecimento da gravidez. Já o homem se torna pai com o nascimento do filho.Você está próximo de se tornar pai. Quais são os sentimentos que o permeiam neste momento? Existe medo entre eles?
R: Acho que a frase inicial da pergunta é bem verdadeira. O lance do homem se tornar pai deve vir mesmo no momento do nascimento do rebento. Em mim, a expectativa existe, mas por enquanto me sinto mais um observador ou mero coadjuvante da situação. Ao nascer, tenho absoluta certeza de que finalmente darei conta de que virei pai. E o medo, onde fica? Por enquanto, os medos são voltados para o lado financeiro da coisa. É do meu perfil não “sofrer antecipadamente” com as coisas, por isso sei que os medos da responsabilidade paterna só chegarão junto do Ben.

- Esperar um filho, ver sua esposa com o barrigão, faz você se sentir “grávido” também, ou seja, ter noção de tudo o que está acontecendo com ela e com vocês?
R: Faz me sentir grávido sim, mas de uma forma diferente. É óbvio que sentir diretamente a sensação de ter uma pessoa dentro de mim não existe, mas chega bem perto disso. A noção das coisas existe, mas a sensação fica por conta da imaginação. De qualquer forma, já me sinto ganhador do Oscar de melhor coadjuvante nessa história.

- Tudo que é também você e veio de você se desenvolve num mundo que é dentro dela. E você pode no máximo falar com a barriga, mas você não sente seu filho se movendo dentro de você, se alimentando de você. Pode ser um alívio, mas me parece que para muitos homens não é. Você inveja essa relação que, neste momento específico, só pode acompanhar como coadjuvante?
R: Não invejo de forma alguma. Cada um tem suas devidas funções nessa gestação, que acarretam diferentes, mas complementares, responsabilidades. Entendo que cada um tem sua demanda específica, que envolvem ações, cuidados, atividades e atitudes. E a parte do pai não é menos importante do que a da mãe, um completa o outro para formar a família.

- Saber que vai ser pai mudou o que na sua vida? Você sente que é outro?
R: O impacto maior vem logo após a descoberta. Saber que vai ser pai acarreta muita responsabilidade, que é melhor assimilada durante a gravidez. Mudou a percepção das prioridades, mas acho que ainda vai mudar muito mais. O foco sai de mim ou da minha esposa, se transferindo para uma nova pessoa nessa relação. Mas a mudança não é tão brusca assim, sinto-me perfeitamente apto e adaptável para essa nova realidade. De forma alguma eu seria outro, senão não daria conta do recado.

- É muito difícil aguentar uma mulher grávida? Quais são as suas estratégias?
R: Sim, é difícil. A grávida, ao contrário do que muitos pensam, não tem prioridade somente nos bancos do metrô ou nas filas de bancos. Elas dominam tudo que passa à sua frente, com a medicinal e antropológica afirmação de que ficam mais sensíveis, carentes, cansadas, irritadiças e tudo mais que possa se potencializar nessa época. O antídoto para não sofrer com essa inevitável situação são superdosagens de paciência, intercaladas com compreensão e disposição para o trabalho servil não-remunerado. O trabalho psicológico é essencial nessa etapa, preparar bem a cabeça e ter noção da situação ajudam a evitar estresse e fadiga.

- O que você pensa quando vê sua mulher e o barrigão?
R: Ela está realmente grávida.

- O que mais dá medo ao pensar em botar um filho no mundo?
R: Criar uma pessoa que, no futuro, venha a fazer mal à sociedade. Um delinquente, um usuário ou traficante de drogas ilícitas, um assassino ou assaltante. Tenho medo de criar bem um filho, mas que ele venha a se tornar membro da escória humana. Mas tenho consciência que isso, dificilmente acontecerá.

- Ter um filho é escolher uma relação que, mesmo que um dia você queira, jamais será rompida. Pode existir pai canalha, filho psicopata, mas não existe nem ex-pai nem ex-filho. Pai é para sempre. Filho é para sempre. Isso é assustador?
R: Para mim não. Existem diversas situações em que não podem existir “ex”, que não chega a assustar, como: ex-puta, ex-virgem, ex-gay, ex-assassino... A relação com um filho, que tende a ser a melhor possível, não deve assustar por ser eterna. Pelo contrário, ainda bem que une pela vida toda, afinal, famílias são para isso.

* Continua... No próximo post: o desejo do pai para o filho, a importância do sexo do bebê, como se preparar para ser pai, o sentimento ao descobrir a gravidez e um pouco mais.

sexta-feira, 25 de março de 2011

São tantos detalhes

Montar quarto, pintar, pedreiro, organizar, exames, consultas, banheira, mamadeiras (grande, média, pequena), jogo de berço, colcha, bebê conforto, lembranças, enfeites, chá de bebê, roupinhas, curso para gestante, produtos de higiene, fraldas, consultas, ultrassons, sapatinhos, body, prateleira, porta trecos, bolsa, babá eletrônica, carrinho grande, carrinho de passeio, ninho neonato, colchonete, travesseiro anti-refluxo, mosquiteiro, móbiles, mordedor, toalhas, assento para banheira, termômetro para banho, trocador de bolsa, travesseiro, kit de berço, canguru, escova para mamadeira, pinça higiênica, saída de maternidade, poucos meses, semanas, ansiedade, ansiedade, ansiedade....

domingo, 20 de março de 2011

Mudanças

"Eu hoje joguei tanta coisa fora, cartas e fotografias..."
O final de semana foi de organização e mudanças. Mudamos o layout da sala, que fazia tempão eu queria mudar. "Mudamos" é forma de falar, pois o mérito foi todo do Marido. Em meu estado interessante fico limitada para fazer certas coisas. Entrei com a ideia da disposição dos móveis. Eu achei que ficou ótimo, mas o Marido não quer admitir que também gostou. No fundo ele resisti um pouco a mudanças, mas acaba gostando (pelo menos quero acreditar nisso!). Marido mudou de lugar até quadros, tapou buraquinhos da parede, deixou o quarto do bebê todo livre, pronto para ser montado (ai que ansiedade).
E o Piffer ficou dizendo "é Ben, quando você estiver acostumando com o seu quarto de um jeito, sua mãe vai lá mudar tudo". Adoooro mudanças. No fundo somos todos resistentes a elas, mas depois nos acostumamos. Mudança sempre tem seu lado positivo. Até as mudanças tortas, não planejadas, aquelas que surgem inesperadamente, que te pega no susto. Talvez essas sejam até o estímulo necessário para darmos o salto mais importante de nossas vidas. Quando disse para o meu pai que ele seria avô imediatamente ele quis comemorar e fomos para um boteco ali perto de sua casa mesmo, nunca vou me esquecer da nossa conversa. Basicamente, ele disse que filhos é o impulso que nos faz seguir sempre em frente, que nos faz conquistar cada vez mais coisas. Acredito sinceramente nisso. Não existe mais tanto tempo para sentir medo. O medo existe, mas a vontade de fazer dar certo é maior. E as mudanças que já eram constantes se tornam mais ainda.
Eu sou uma pessoa ansiosa e estou ao extremo nos últimos dias. Acho que não tem como estar grávida e não estar ansiosa. Além de diversas mudanças no seu corpo, organismo, tem as mudanças físicas, práticas. Você tem que pensar em enxoval (e só aqui tem milhares de detalhes), quarto, móveis, reformas da casa, nas mudanças do seu cotidiano e por aí vai...isso tudo relacionado ao bebê e em apenas 38 semanas. Mas tem que pensar também no marido, no seu cachorro (que agora suplica por atenção sua)e no emprego. É muita pressão para duas pessoas num corpo só. Principalmente, porque o segunda pessoa trata-se de uma pessoinha que não está entendendo bolufas e tudo que ela mais quer é tranquilidade dentro desse lugar tão aconchegante e não se sentir dentro de uma panela de pressão a ponto de explodir a qualquer instante. E é pensando nela que vou tentar me controlar mais, exigindo de mim apenas o que está ao meu alcance neste momento. Vou seguir o conselho do meu pai: "relaxe e goze a sua vida, a sua vida particular, a sua família, seu filhinho que vai nascer, seu marido, seus amigos, suas leituras...Você é muito jovem ainda, lembre disso. E vai viver a experiência da maternidade, coisa sublime...".
É isso que vou fazer, aproveitar ao máximo esse momento tão especial e tudo que está ligado a minha vida particular longe daqueles 20km. Agora, nesse exato momento, estou apertando a tecla: FODA-SE!
Que venham as mudanças. Que venha a segunda-feira!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Divã (mais uma vez)

Lembra do livro Divã, da Martha Medeiros, que virou filme e depois peça de teatro (não necessariamente nessa ordem)? Pois então, agora ele virou série da TV Globo e entra no ar em abril. Divã é a história de Mercedes, interpretada pela atriz Lília Cabral, que descobre quanta coisa ela pode mudar em sua vida e passa a viver mais plenamente se permitindo errar e acertar. A série será uma continuação do filme. Após o término do casamento e a perda de sua melhor amiga, Mercedes recebe alta da terapia. E ela coloca em prática sua maior paixão que é as Artes Plásticas. Consequentemente, as mudanças trazem novas questões e ela volta ao divã para buscar novas respostas às novas perguntas.

Pra mim o filme traz muitas reflexões. Eu particularmente adoro. Já assisti diversas vezes. E uma das cenas com texto mais lindo é quando Mercedes acompanha a amiga Mônica ao hospital para pegar os ressultados de alguns exames. Mônica esconde o resultado, mas está com uma grave doença. E nesse momento elas trocam algumas palavras, quando a Mônica diz algo paredcido com isso "Mercedes, eu sempre fui antiga, mesmo nova eu já era antiga" se referindo que ela sempre quis a vida dela do jeito que é, sempre se imaginou casada, com filho, cuidando da família... acho essa uma das mensagens mais linda do filme.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Um conto II

Era noite. E bem estranha: fria na rua, abafada em casa. Após um longo e cansativo dia de aventuras e desafios – as aulas de física quântica já haviam voltado – um tragitrânsito a caminho de casa. Os delinquentes à solta, caotizando os transeuntes, expondo a violência gratuita e consumindo as drogas urbanas que os consomem. Nas vias expressas, o estresse põe os nervos à mostra, um parachoque de tensão para cada carro no limbo das curvas.

Depois de atravessar a caoscidade, chegamos ao nosso destino. O cheiro do mau-presságio emana dos esgotos, das valas, dos sinos das igrejas. O frio da rua dá impressão de névoa densa que enegrece a visão. De tão turva, enxerga-se meio palmo à nossa frente.

Então, irrompemos ao interior do castelo. A densidão desaparece, ofuscada pelo torpor abafado das largas paredes que parecem se deslocar em nossa direção. O sufocamento é inevitável e a claustrofobia vem à tona, apertando a garganta e retirando todo o pouco ar que nos resta.

De um cômodo para outro, percebo a diferença. Invisível, mas presente. Intocável, mas incômoda. Até que, a caminho do salão principal, ouço sons indecifráveis vindos da masmorra mais alta. Serão gritos? Espasmos? Será o som da morte após a mais cruel tortura?

Apreensão. O medo paralisa, ao mesmo tempo que empurra de encontro ao inesperado. A atração é quase que magnética e nos força a passar pelo último batente que nos separa do salão principal. A visão percorre o chão, buscando e ao mesmo tempo receando encontrar o que de pior poderia haver, quando se depara com a criatura.

A estatura é extrema, a roupa de palhaço macabro. O rosto maquiado com uma pintura mortal, e da boca escorria sangue. Nas mãos, um ramalhete de bexigas coloridas, cheias de ódio e ressentimento. E vem em nossa direção, um, dois, três, oito, dez desses vultos... quando a luz se acende. A vista ofusca.

Para minha sorte, os vultos ganham formas reais e reconheço um por um. Uma festa surpresa, rostos de alegria, sorrisos, abraços, afagos, felicitações. São familiares, amigos, pessoas do bem. Mas três convidados, no fundo do recinto, já faleceram. Há anos...

terça-feira, 8 de março de 2011

Bom dia, Azaléias!

Levantar meio dia e se deparar com flores do Marido não tem preço. Assim que vi , além de comentar "ai que lindooooo", fiquei me perguntando o motivo das flores: alguma comemoração especial que eu havia esquecido? Ai que mancada! Uma das frases no cartão dizia que eu era uma nova mamãe D+. Pensei: como assim??? Hoje vou almoçar na minha mãe e não comprei presente de dias das mães. Mas não é domingo, nem maio, aimeudeus! Outra frase dizia "parabéns pelo seu dia!". Nem pensei, logo perguntei: "Marido, meu dia? Que dia?". (Começo a acreditar que grávidas realmente ficam mais esquecidas e que a vitamina contribui para esse efeito). Ele: "Dia das mulheres". Derreto-me: ai que FOFO!

Eu, Ben e Capitu temos muita sorte!