quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sobre o parto

Embora eu faça parte do grupo de pessoas mais medrosas do mundo, gostaria muito de ter um parto natural. Por vários motivos. Por ser medrosa demais, eu prefiro sentir dor do que ser cortada de 10 a 15 centímetros sete camadas de tecido da minha barriga. E não me venha com o papo de que hoje a cesária é a melhor coisa do mundo, não sente dor nenhuma, após o parto é tudo tranquilo, etc, etc, etc. Odeio quando alguém vem com esses papos pra cima de mim. Geralmente, são pessoas que fizeram cesárias ou pessoas que não tem ideia nenhuma do que estão falando (essas me deixam mais puta da vida ainda).

Antes de continuar, vale fazer aqui uma ressalva: sou a favor da cesária quando se é necessária. Mas atualmente virou convencional. A gestante negocia junto com seu médico a data e hora do parto do seu filho. Os bebês nascem em horários comerciais. E a maioria das mulheres marcam cesária por comodidade e não necessidade. Elas não querem sentir dor nenhuma. O sexo denominado frágil, mas conhecido por aguentar mais que o homem simplesmente não quer sentir a dor do parto. Contraditório isso. Você carrega o bebê durante 40 semanas, passa por sensações maravilhosas, únicas e chega na hora “H” não quer sentir dor? Eu não sei se li demais ou se nunca havia pensando tanto sobre o assunto, mas estou tentando ver essa questão do parto por um lado, digamos romântico da coisa. A dor do parto também é única e já ouvi dizer que é esquecida no mesmo momento que colocam o bebê no seu colo. Você também estará sentindo dor por um bem maior, para trazer ao mundo o filho que gerou durante os 9 meses em seu ventre.

Sentimos um medo terrível, principalmente quando estamos próximas da 30ª semana de gestação. Aquele embrião que fecundou você há meses hoje é um bebê e terá que sair de alguma forma. Dá um pânico imaginar que aquele negócio minúsculo que entrou (de forma tão prazerosa) e você nem sentiu, terá que sair pelo mesmo lugar que entrou, porém com alguns centímetros a mais, beeem a mais. Já entendi que é natural sentir medo, assim como é mais natural ainda passar pelo parto normal. Nossas bisavós, avós e até nossas mães passaram por isso. Fico pensando na minha avó que teve sete filhos e o mais curioso: o caçula, meu pai, nasceu em casa com parteira num tempo em que já havia acesso a hospitais. Meu pensamento voa mais alto. Nessa mesma época as mulheres não tinham acesso ao bebê como temos hoje – através da ultrassom o sexo é descoberto no início da gestação, acompanhamos todo desenvolvimento do bebê, sabemos as possíveis doenças congênitas, enfim, estamos bem melhor estruturadas. Quer dizer, como disse Eliane Brum em uma de suas colunas, podemos sentir medo, mas sem deixar de viver o que tem que viver. Aproveito para copiar aqui um trecho que achei DIGNO:


Poucas crenças são mais perniciosas para as mulheres – e depois para os seus filhos –do que o mito da maternidade feliz. A escritora francesa Colette Audry disse uma frase genial sobre o que é um filho: “Uma nova pessoa que entrou na sua casa sem vir de fora”. Como não ter medo e sentimentos conflitantes a respeito de algo assim? Engravidar e parir dá medo mesmo. E uma mulher não vai amar menos aquele bebê por sentir pavor, raiva e sentimentos supostamente menos nobres – ou supostamente proibidos. Ao contrário. Ela pode ser uma pessoa pior e uma mãe pior se sufocar esses sentimentos em vez de aceitá-los e lidar com eles. O que também implica lidar com o medo da dor do parto e da responsabilidade de ajudar o filho a nascer. É claro que auxilia bastante encontrar um obstetra responsável que converse com ela sobre seus sentimentos – em vez de abrir a agenda para marcar a cesariana.


Além disso, várias pesquisas comprovam que o parto normal é bem melhor para o bebê. É o momento que ele quer sair. Enquanto a cesaria o arranca de dentro da barriga da mãe. Deve ser comparado a um choque.

Hoje estou com 38 semanas e meia, a qualquer momento meu bebê pode nascer. Se eu tenho medo? Sim. Mas acho que não devemos deixar o medo nos paralisar e nos fazer perder um dos momentos mais incríveis na vida de uma mulher.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Uma música que é uma oração

"Meu amor essa é a última oração
...Pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na despensa

Cabe o meu amor!
Cabem três vidas inteiras
Cabe uma penteadeira
Cabe nós dois"

(Oração, A banda mais bonita da cidade)

Assita o vídeo, clique aqui.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Crescer lança curso gratuito para gestantes

Isso é sensacional uma vez que os cursos são pagos e não sai nada barato. Além de textos, tem vídeos explicativos que tiram várias dúvidas sobre parto, amamentação, cuidados com a higiene, como a limpeza do umbigo...enfim, tem muita informação, inclusive um guia de sobrevivência para o futuro pai. Vale a pena conferir.

Curso de Gestante Crescer Online
www.crescer.com.br/cursodegestante

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Desapego

O livro do momento indicado em matérias de revistas como Vida Simples e Bons Fluídos, é o Jogue Fora 50 Coisas, da americana Gail Blanke. Resumindo: treinar o desapego. Não li e nem vou ler esse livro, mas nesse tempo de mudanças, já vinha praticando esse exercício de desapego. Tudo começou com a organização da casa. Colocar em ordem as coisas do dia a dia lhe faz perceber quanta tranqueira guardamos. Embora more numa casa espaçosa, precisava de mais espaço para colocar em prática a nova vida, além de espaço para o bebê e suas coisas. Então decidi descartar todos os objetos que guardamos achando que um dia será necessário...e esse dia nunca chega. O engraçado é que por mais que você jogue fora, sempre tem mais entulho. Impressionante. Eis minha lista de desapego:

1.Dois porta retratos antigos pra caracoles, feios, todo sujinho de velhice, sabe?! E bem brega, com uns bichinhos, daquela época em que você tem 15 anos, sabe?!

2.Revistas velhas. Porque não doar as revistas que estão paradas a tempos na sua casa? Tantas escolas precisando. No meu caso, eu sempre faço uma limpeza e dou para as priminhas do meu marido que adoram e sempre acabam usufruindo da melhor forma possível. Certas coisas tem que girar.

3.Roupas. Outro dia peguei o dia pra organizar o guarda roupa. Nem terminei ainda a arrumação lá dentro, mas já me livrei de tudo que não quero mais. Fiz um saco de doação de roupas.

4.Ainda arrumando o guarda roupa me deparei com uma caixa cheia de cartas, cartões, bilhetinhos e afins. Nossa, quantas lembranças gostosas. Perdi tempo olhando essa caixa. Muitas cartas do meu pai, cartões de amigos e no fundo da caixa....váaaarias cartinhas de ex namorado! Oh atraso de vida! Nem perdi meu tempo parando pra olhar, não hesitei, peguei tudo numa mão só e joguei num saco de lixo. Pra falar a verdade nem lembrava que aquilo tudo ainda existia.

5.Potes de hidratante vencido. Não importa a marca, jogue fora. Eu joguei.

6.Crachás de feiras/eventos que já visitei. Inutilidade pura.

7.Não sei se e-mails poderia entrar nessa lista, mas de qualquer forma é um entulho. Fiz uma limpeza geral na minha caixa de e-mails pessoais.

8.Abri um dos armários da cozinha e....Jesus apaga a luz! Que vergonha. Quanta comida vencida: milho de pipoca, farinha, ovomaltine, miojo, creme de leite, fermento, macarrão, aff.....nem pra doação podia ir. Lixo. Falta ver a geladeira e o outro armário.

9.Exames antigos, beeeeeem antigos.

10.Contas com mais de 5 anos. Tudo pro lixo!

11.Papel, papel e mais papel.

12.Uma orquídea seca.

13.Xampu e condicionador. Porque a gente sempre guarda os frascos com aquele finalzinho dos produtos?!

14.Ainda no banheiro, aproveitei e joguei fora um creme vencido.

15.Dois brinquedinhos da Capitu que pensa ser uma criança e não uma cachorra: quase todos os dias acordamos com todas as coisas dela espalhada pela casa.

16.Forminhas de gelo.

17.Alguns potinhos sem utilidade.

18.Lençol rasgado. Minha mãe sempre me diz que não podemos guardar coisas quebradas dentro de casa, pois atrasa a vida. Acho que o conselho vale também para coisas rasgadas.

19.Toalhas de banho velhas, manchadas. Essas tem uma utilidade e tanto: pano de chão!
20.Um tapetinho desses de colocar no pé da cama pra quando você levantar não colocar o pé direto no chão, mas que só junta pelo da Capitulina.

21.Potes: de sorvete, panetone, bombons...potes de monte, inúteis que a gente sempre guarda!

22. Na gaveta de remédios...quase não abria de tão entulhada. E pra minha não surpresa: a maioria todos vencidos. Um perigo. Lixo.

23. Minha cozinha tem um armario só para copos. Tem para vários tipos de bebidas: água, suco, vodka, etc, etc. Eu e o marido nos desapegamos de alguns e doamos.


Preciso ainda me desapegar de livros, sapatos, bolsas, mas aí é uma parte que não me agrada. Por mais que você goste de se livrar de coisas, tem objetos que são muito difíceis de se livrar.

Aproveitando que em breve vou sair de licença, fiz uma limpeza em minha mesa e gavetas de trabalho.

Agora falta me livrar do lixo mental. Sabe aqueles sentimentos e pensamentos que não te levam pra lugar nenhum? Pois é....

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Deixar rolar

O bebê está vindo para me ensinar um montão de coisas. Vai além de trocar fraldas. Uma das principais lições (e o mais difícil pra mim) é que não posso controlar tudo a minha volta. Muitas vezes as coisas não sairão do jeito que planejei. Não tenho vergonha de admitir, mas me envergonho de ser assim. Se algo não sai do meu jeito...ah, se não sai...eu fico uma fera, bato o pé, esbravejo, fico emburrada. E tudo porque eu queria daquele determinado jeito. E por que eu queria daquele jeito? Porque planejei e a minha ansiedade me detona por dentro. Só que controle não tem nada a ver com planejamento. As coisas fogem ao nosso controle. E imprevistos acontecem todos os dias. Estou aprendendo aceitar (depois de muita bravura, tá certo) o ajustamento favorável daquilo que não obedece ao que planejei. Outro dia, por exemplo, tinha que decidir entre montar o quarto do bebê num dia ou esperar terminar a reforma em casa. Montar naquele dia implicaria encher os móveis novinhos (e branquinhos) de pó, além dos riscos de cair algo em cima, respingar tinta, etc. Montar depois significaria ficar tudo lindinho e em seu devido lugar sem estragar nada. Mesmo atrasando os meus planos, decidi pela mudança de data para a montagem. Fugiu do meu controle, mas era a coisa mais adequada a fazer. Acredito que essa obsessão por querer as coisas do meu jeito é culpa da minha ansiedade. Além de tudo, eu sofro por antecipação. E tudo isso: controle, ansiedade, sofrimento por antecipação, está ligado ao meu medo de sofrer – logo, tento controlar para que não me cause sofrimento. E muitas vezes deixar o rio correr é o melhor que podemos fazer. Não é possível controlar a vida. Temos que deixar rolar, deixar acontecer. Como li outro dia “perdemos a sabedoria de que existe o momento de assumir responsabilidades, planejar, organizar e realizar. Mas que também pode haver outros para soltar as rédeas, relaxar, criar e aprender com o que se apresenta. E que é saudável ter essa possibilidade bem presente e viva nas nossas escolhas e decisões”. Resumidamente, preciso aprender a confiar nos outros e no fluxo natural das coisas. E principalmente, viver com mais leveza.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Acabou Chorare

Acabou Chorare, dos Novos Baianos, é a música do momento lá em casa. Minha amiga Nina fez um CD com várias músicas de presente para o Benjamin. E então fez ressurgir essa música tão tocada nos anos 70. É praticamente uma música de ninar, super suave e sinto que o Ben já gosta, pois toda vez que ouvimos, ele faz alguns movimentos.

Eu nem lembrava mais dessa música até ouvi-la novamente. O Marido não conhecia e passou a gostar. Eis que no final de semana ele se pôs a ouvir a música até aprender a letra. E ficava me questionando “mas o que é acabou chorare? E esse “No bu bu li li, no bu bu li lindo, No bu bu bolindo? Como você imaginava que era “na fé” e não “café” se a música fala “cá cá cá, na fé fé fé?”. Enfim, virou piada em casa e rimos muito ao ouvir a letra e tentar interpretá-la.



Eu sempre gostei de interpretar a letra da música, de entender o sentimento dela. Só gosto de músicas que eu entendo a letra, que acho significativa, que me lembre algo. Imaginava, por exemplo, que “acabou chorare” tivesse algo a ver com chuva, choro, com algo do tipo “pronto, já passou”.

O Marido, curioso como só ele é, pesquisou sobre a música e descobriu sua origem. Foi inspirada em uma história contada por João Gilberto sobre sua filha Bebel, que misturava o português com o espanhol (língua que aprendeu quando morou no México com os pais). Um dia, Bebel abriu um berreiro ao tropeçar e a frase foi dita para consolar o pai que demonstrava preocupação. Acabou Chorare tornou-se nome do disco, lançando em 1972, e a música ficou mais de 30 semanas entre as mais tocadas nas rádios. Foi um dos discos mais influentes da história da música brasileira.

Eis a letra na íntegra:

Acabou chorare, ficou tudo lindo
De manhã cedinho, tudo cá cá cá, na fé fé fé
No bu bu li li, no bu bu li lindo
No bu bu bolindo
No bu bu bolindo
No bu bu bolindo

Talvez pelo buraquinho, invadiu-me a casa, me acordou na cama
Tomou o meu coração e sentou na minha mão

Abelha, abelhinha...

Acabou chorare, faz zunzum pra eu ver, faz zunzum pra mim

Abelho, abelhinho escondido faz bonito, faz zunzum e mel
Faz zum zum e mel
Faz zum zum e mel

Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente
Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente

Abelha, carneirinho...

Acabou chorare no meio do mundo
Respirei eu fundo, foi-se tudo pra escanteio
Vi o sapo na lagoa, entre nessa que é boa

Fiz zunzum e pronto
Fiz zum zum e pronto
Fiz zum zum