domingo, 26 de junho de 2011

O dia em que voce nasceu

São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2011.


Acordei. Ainda deitada recebi uma ligação da tia Rosana. Era um dia ensolarado. E acho que foi o primeiro que não havia pensado “será que você nasce hoje?”. No dia anterior estivemos na consulta com o obstetra que mais uma vez confirmou que você ainda estava alto na barriga da mamãe. E eu tinha apenas um centímetro e meio de dilatação. E você o prazo de mais uma semana para permanecer dentro de mim. Eu queria tanto ter você de parto normal. O Dr. Vicente tentou descolar a bolsa pra ver se de repente eu entrava em trabalho de parto nos próximos dias. Mesmo assim tivemos que marcar a cesariana, que ficou para o dia 21 de junho. Era pra ser dia 20, mas não tinha vaga na Maternidade Santa Joana, nem no Pró Matre. É muito estranho ter que escolher uma data para o nascimento do seu filho. É como se aquela escolha fosse determinar uma vida inteira, o que de certa forma é uma verdade.


No dia 16 para minha surpresa saiu o tampão da bolsa - o que até então eu não sabia o que era. Liguei para o Marido que indicou ligar pro médico – que pediu que eu fosse para o hospital ser examinada. Logo estavam em casa minha mãe e o Piffer. Fomos para o Santa Joana. Chegamos lá, fui examinada e explicaram que aquilo tratava-se do tampão. A dilatação era a mesma: 1,5cm. Mas eu ainda faria outros dois exames, um deles era ultrasson – realizado por último.


Eu estava morrendo de fome, não tinha almoçado e já era quase final de tarde. O marido foi buscar algo para eu comer e voltou super rápido com uma notícia inesperada. Ele tinha encontrado a médica que estava me atendendo. Ela contou que eu não poderia comer nada e que você nasceria naquele dia. Ele me contou a notícia todo nervoso. E eu fiquei em pânico: como assim??? Explica direito. E ele explicou:


- Encontrei a médica e ela disse que você não poderia comer, que houve uma alteração no líquido aminiótico e que o bebê teria que nascer de cesária.


Fiquei nervosa. Comecei a tremer da cabeça aos pés. Mas tudo estava saindo como eu imaginei durante os 9 meses de gestação: de repente! Fomos chamados e avisados sobre o que estava acontecendo, além da alteração no líquido, você era grande e estava com o dorso virado pra direita (o que até agora não sei muito o que significa, mas tinha algo a ver com a possibilidade de prender sua respiração). Minha pressão que é super baixa foi lá em cima. Fomos transferidos para a maternidade Pró Matre e o seu nascimento estava marcado para às 21h30. Demos entrada na maternidade e me instalaram no quarto que mais parecia de um hotel. Estava eu, o Marido, minha mãe e logo chegaram a Luana e a Dani (uma outra surpresa do dia. Eu havia avisado a Dani conforme combinamos - que se algo acontecesse, tipo a bolsa estourasse, ela queria ser avisada imediatamente). Com todas essas pessoas lá a espera ficou menos sofrida e quando dei por mim era 21h22, eu não havia nem me arrumado ainda. Rapidamente me despi e coloquei a camisola. Chegaram para me levar.


Eu estava feliz, enfim conheceria a pessoinha agitada que me chutava o tempo todo. Estava com um pouco de medo também, mas isso foi passando aos poucos. Na sala de parto conheci o anestesista Alexandre, uma figura de pessoa, que me explicou todo o processo da anestesia, as sensações que ela causaria. Assim que tomei a anestesia todo medo passou, fiquei mais tagarela do que já sou. Nunca imaginei que um parto fosse dessa forma. Na sala tinha música e nunca vou me esquecer: enquanto você nascia toucou uma das músicas preferidas da mamãe, I’m yours, de Jason Mraz. Todos ficam conversando animadamente o tempo todo. E o papai ali do lado, nervoso de emoção. Ao ver sua cabecinha saindo, seu pai soltou “nossa, tem um bebê lá dentro mesmo”. A gente fica meio assim, sem noção da realidade.


Você chegou ao mundo às 22h28. Ainda não sei explicar o que senti ao te ver, só pensava “saiu de mim”. Depois de te enrolarem, realizarem alguns exames, te trouxeram e colocaram bem pertinho de mim, você tinha uma carinha de bravo, testa franzida, não tinha dúvida nenhuma que era meu. Sua boca tão linda, bem desenhada, igual ao do papai. Você era perfeito e do jeito como eu sempre imaginei. Você nasceu grande e os médicos comentaram que você parecia um bebê de um mês e não um recém nascido. Aliás, todas as enfermeiras comentaram que você era grande, esperto e bravo. Realmente, você era o maior do berçário, nasceu com 52cm!


Ao todo, nos dois dias em que ficamos na maternidade, 70 pessoas foram nos visitar. Parecia uma festa e de certa forma era. As visitas não param aqui em casa. Já se passaram 10 dias e é impressionante como o meu amor por você aumenta a cada dia. É algo inexplicável. Quando você nasceu, nasceu também uma mãe, um pai, uma família. Em tão pouco tempo aprendi trocar fraldas, dar banho, interpretar seu choro de fome, de cólica e seu gesto de quem quer arrotar e não está conseguindo. Essas coisas que nos assustam enquanto o esperamos. Estou aprendendo a me comunicar com você. É tudo intuitivo, filho.


Você já é muito esperto. Gosta de conversar, de escutar. Está atento a tudo a sua volta. Você gosta de música! E pensar que tem um mundo imenso para lhe apresentar. A nossa vida juntos só está começando. É como disse o Marcelo, do blog Sopa de Pai, a vida continua e também começa agora!

2 comentários:

  1. Posso estar incontrolavelmente me descabelando de chorar????? Lindoooo

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  2. Ah, filhote... hoje com quase 5 aninhos e, por incrível que pareça, nosso amor só aumenta por você. Hoje você tem uma irmãzinha, que gosta muito de você, tão pequenininha, e já te ama. E é tão recíproco da sua parte. Filho, você nos orgulha, apesar das manhas. Tão grande, tão esperto e tão amável.

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