segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Divã (livro)

Outro dia trocamos e-mail eu e Dani sobre o livro Divã. Eu assisti apenas o filme e ela leu o livro, que foi presente meu. Eu até comecei a ler o livro um dia na livraria, mas não comprei porque já tinha assistido ao filme, já sabia a história. Engraçado como muitas vezes nos reconhecemos em algum trecho de um livro. Ou melhor, como algum trecho do livro define bem algum sentimento nosso. Alguns livros nos trazem um entendimento melhor do que não conseguimos definir. A Dani, por exemplo, se reconheceu no sentimento que a personagem do livro fala sobre ela mulher e ela mãe. No e-mail, Dani me mandou um trecho que achei maravilhoso, eis:

"Sei exatamente da normalidade da situação, do quanto todas as mães sentem, umas de forma mais intensa, outras de forma mais velada, a urgência de uma liberdade que sabemos irrecuperável. Trabalhamos, amamos, viajamos, vamos ao cinema, engordamos. Umas arquitetas, outras lavadeiras, umas obstetras, outras biscateiras, mas levamos gravado na testa, somos mães. Mulheres porém mães. Jovens porém mães. Solteiras, porém mães. Eternamente mães.
Penso nas que não podem ter as crianças de que gostariam, e nas que foram mães e já não o são, pela brutalidade de um acidente ou de uma doença que as fizeram perder o filho e a condição. Não há consolo para a impossibilidade. Por isso confesso, eu peco, porque tive três filhos saudáveis e desejados, porque nada a eles foi negado, nem saúde ou desamor, e no entanto me pego, distraída, a pensar como seria a vida sem esse legado.
Haverá mãe no mundo que não tenha, por um segundo, desejado de volta aquele descompromisso por vidas alheias, que não tenha pensado uma vez sequer nos caminhos que poderia percorrer caso não houvesse filhos para monitorar? Ou sou a mais fria entre as mulheres, ou sou a que pensa em volume mais alto."


A Dani, muito antes de ler o livro, já havia me falado sobre esse tal descompromisso. Eu já havia compreendido e ficou mais claro ainda. E a Dani teve a certeza que toda mãe tem o mesmo desejo do descompromisso e por isso ela não precisa se sentir culpada. É normal. O sentimento não a torna a mais fria entre as mulheres e, todos que a conhecem sabe disso. Não é à toa que ela está construindo seu legado. (risos)

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