terça-feira, 1 de dezembro de 2009

as abluções dele

Ela sempre quis saber por que ele demorava tanto no banho. Ele não sabia como descrever seus motivos - por sinal, simplórios e de uma sensibilidade fora do comum. O banho para ele era um ritual que lhe provocava um efeito milagroso. O que para alguns não passava de uma rotina a ser realizada de forma inconsciente, para ele era um ato prazeroso, especial e cuidadoso - não agia mecanicamente. Era o momento dedicado a si próprio. A higienização corporal da qual livrava-se de todas as impurezas do dia-a-dia. E dali saía descansado, renovado, rejuvenescido, empolgado, feliz. Ele gostava tanto do banho porque saía com a sensação de que, apesar de tudo, a vida valia a pena ser vivida. Ela sempre valorizou os motivos pelos quais valia a pena viver, mas nunca parou para pensar na relação do banho com o sentido da vida, a não ser o banho de mar. E ela precisou ler um livro para descobrir os motivos dele. E ela passou a valorizar mais o banho. Ela também prometeu parar de reclamar do tempo que ele gastava no banheiro. Até porque eles tinham dois banheiros em casa.

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